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sábado, 26 de julho de 2014

Vênus Castina

Os relatos de transexualidade aparecem em todos as épocas da Humanidade, na Mitologia Grega existia a Venus Castina, que é um epíteto da deusa do amor Afrodite.

Epíteto seria uma variação da deusa, especificamente relacionada a uma determinada atribuição.
A deusa Afrodite teria vários epítetos, sendo a que Venus Castina, que é a menos conhecida de todas, teria a atribuição de responder com simpatia e compreensão os desejos das almas femininas aprisionadas em corpos masculinos.

Representações de adoradores da deusa Venus Castina mostram homens e mulheres como devotos e alguns incluem retratos fieis de pessoas do sexo masculino, vestidos em trajes femininos.

As Hijras

Embora saibamos muito pouco sobre os hijras no Ocidente, a definição encontrada é de que não são homens e nem mulheres. Mas sim, um terceiro sexo. Dentre os seus muitos rituais está a castração. Muitos hijras só se consideram “verdadeiros”, após tal cerimônia, que é um ritual proibido e protegido pelo grupo por um complexo código de silêncio. Portanto, para se tornar um hijra é preciso remover o pênis e os testículos, para que se pareçam com mulheres o máximo possível, sem a reconstrução da vagina, que é feita pelos transexuais.
Os hijras existem na Índia há séculos e podem ser considerados tanto indivíduos pertencentes a uma casta quanto a um culto. Bahuchara é a deusa venerada por eles. Alguns são homens impotentes que, para fugirem da vergonha social por não procriarem, oferecem sua genitália a essa deusa.
No hinduísmo, há deuses hermafroditos e, até mesmo, aqueles deuses que exigem dos seus seguidores a prática de um comportamento sexualmente controvertido. Como a deusa Bahuchara Mata que exige de seus sequazes (todos homens) o uso de roupas femininas, a castração e o celibato.
Os hijras moram em comunidades pequenas, principalmente no norte do país, andam em pequenos grupos chefiados, normalmente, pelo mais velho. Usam vestimentas femininas e muita maquiagem, assim como nomes femininos. São tidos como transgêneros e intersexuais. Do ponto de vista da medicina ocidental eles são considerados como transexuais masculinos. Nutrem desejo sexual por homens e não por mulheres. E são, ao mesmo tempo, temidos e cortejados com a sua presença em casamentos e nascimentos, aonde chegam sem precisar ser convidados. Pois, tanto podem levar bênçãos como azar, dependendo do modo como sentem que foram recebidos.
Os hijras chegam à festa, onde ficam pouco tempo, acompanhados de muita música e dança e abençoam as pessoas. Em troca exigem um pagamento em prendas ou dinheiro. Segundo a superstição hindu, a praga de um hijra pode trazer infelicidade, por muitos anos.
Atitudes agressivas contra os castrados são consideradas de mau augúrio pela maioria dos indianos que acredita, piamente, que a desvirilização traz grandes poderes e que, quem atrapalhar o ritual dos hijras, será vitimado pelo azar. E que, se os pais do recém-nascido ou dos recém-casados não pagarem as bênçãos dos hijras, pragas cairão sobre eles. Atualmente eles passaram a dançar em festas escolares e despedidas de solteiro.
Se voltarmos no tempo da história da humanidade, encontraremos os eunucos, castrados já na infância, e elevados à categoria de responsáveis pelos haréns. Eram escolhidos para tal tarefa, porque, imaginavam os príncipes e sultões, que eles jamais poderiam seduzir uma de suas escolhidas.
Segundo estudos, nem sempre a cultura indiana foi discriminatória em relação às diferenças sexuais. A própria mitologia desse país está cheia de lendas sobre mudança de sexo:

deusas que se transformavam em homens;

deuses que se transformavam em mulheres;

e deuses com atributos, ao mesmo tempo, femininos e masculinos, como a andrógina Shiva.

Mas os indianos não possuem a mesma aceitação para com os homossexuais e lésbicas. A impotência masculina, analisada sob o prisma da procriação, é mais vergonhosa para os hindus de que a homossexualidade. Tanto é que muitos pais, ao perceberem traços de feminilidade nos filhos, ou alguma anomalia genital, entregam-nos para as casas de hijras, onde crescerão e aprenderão a ser um deles, destino que acreditam estar reservado pelo karma aos efeminados.
Um dos mais importantes testes para a adesão à comunidade Hijra no século passado, foi a prova de impotência. Os hijras, em potencial, eram postos pra dormir ao lado de uma prostituta por um determinado número de dias, para que fossem estudadas as suas reações.
Os hijras casam-se com homens, preferencialmente, e referem-se a eles como seus maridos. A prostituição dos hijra existe há muito tempo, mas não como atualmente. Antes, vendiam o sexo nos templos, com finalidade religiosa. Hoje, são incentivados por seus gurus hijras a se tornarem prostituas, em função do dinheiro.
O mais importante evento do calendário dos hijras é o Festival do Koovakan, onde exercem, livremente, seu poder de expressão. O Koovakan reúne diferentes tipos de pessoas: hijras, homossexuais, bissexuais, heterossexuais, travestis, casais com seus filhos, solteiros, namorados, etc.

Apesar de toda a diversidade de pensamentos vistos no hinduísmo, o discurso e a prática no país ainda são bastante contraditórios, com muitos resquícios da ocupação britânica. Mesmo assim, a religião hinduísta é uma das mais condescendentes com o público LGBT.